domingo, 11 de dezembro de 2011

VAN GOGH – UM DISCURSO SOBRE ARTE



O genial pintor holandês, reconhecido como um dos maiores pintores da história, nasceu em 1853, filho mais velho de uma família protestante. Com uma história de vida conturbada e um final trágico provocado por sua instabilidade emocional, Van Gogh construiu um enorme acervo de obras, principalmente no final de sua vida quando já estava bastante debilitado.

A doença mental que se apodera dele e que, mais tarde será identificada em seus outros irmãos, o levou a cortar o lóbulo da orelha, a tentar matar Gauguin com quem ele morava e o levou a dar um tiro no peito que o matou dois dias depois. Se observarmos sua trajetória pela ótica burguesa de quem soube se estabelecer na vida diríamos que ele foi um fracasso. Nunca se estabilizou em um emprego e exerceu diversas profissões antes de se dedicar á pintura; não conseguiu se estabelecer como pintor e só vendeu um quadro enquanto estava vivo, quem o sustentou foi seu irmão Theo por quem nutria grande respeito e foi seu alicerce financeiro e emocional; nunca se casou mesmo tendo feito alguns pedidos de casamento.

A intensidade de suas emoções transborda para as telas e sua obra é cheia de cor e intensidades, com amarelos incandescentes como o sol ou os girassóis e vermelhos intensos. Quando Jorge Coli nos apresenta a ideia de discurso artístico como a forma de comunicação que o artista estabelece com seu público, ele traz o pensamento de que o discurso dessa obra nos arrebata, ou seja, que ela nos modifica pela emoção, pelo que é transmitido pelo sensorial. Toda a obra de Van Gogh tem essa intensidade. Se observarmos suas primeiras obras, ainda escuras, sem a luz do impressionismo, vemos que elas são densas como as pessoas retratadas, são duras, grotescas, maltratadas pela vida. Já seus girassóis, seus campos de trigo, são iluminados e quentes como a natureza. Em suas cartas ao irmão Theo ele salienta como a sua pintura está relacionada á natureza e que, mais do que retratá-la, ele precisa senti-la.

Sua obra apresenta transições de estilos e experimentações que também permitem que seja criado um discurso sobre a arte, sobre o fazer artístico, tanto dentro do seu próprio trabalho como dentro da história da arte. Van Gogh alegava que não compreendia os impressionistas e procura desenvolver uma técnica própria onde usava o pontilhado para dar forma e volume. Mais tarde abandona a técnica do pontilhado porque tinha mais pressa em chegar a um resultado. Quando sua doença fica mais séria ele abandona as pinceladas para começar a pintar em pequenas espirais.

Classificado como um pós-impressionista, ele influenciou toda a arte do século XX, “com ele, a emoção voltou à arte, transformando-se em fonte primordial de inspiração e objetivo final de toda criação“ (Disponível em < http://www.arteducacao.pro.br/artistas_internacionais/vangogh/vanvogh.htm > Acessado em 02 de dezembro de 2011.). Hoje seus quadros valem milhões e sua obra é um marco para a arte moderna.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O feio/belo de Sebastião Salgado



Escolher uma foto de Sebastião Salgado que nos emociona e que crava em nós um profundo sentimento de respeito e solidariedade, dentro do leque grandioso de trabalho que ele possui, é uma tarefa impossível. São tantas, de instantes tão preciosos, que reduzir a uma escolha é tornar simplória uma obra tão densa. Por isso, depois de muitas dúvidas, me permiti ser trespassada pelos olhares profundos dos três homens retratados (pode ser que, dos retratados, talvez um deles seja uma mulher) na volta do trabalho.

O contraste da luz nos olhos e lábios ressalta os detalhes de força e embrutecimento das pessoas, causados pelo trabalho árduo. A perspectiva, que mostra a profundidade pela ocupação dos três indivíduos no espaço, apresenta uma imagem de frente, em destaque, quase ocupando todo o espaço da foto. As pessoas retratadas se misturam com o plano de fundo, com a paisagem, como se tivessem saído da terra e se materializado como gente. É impressionante essa identidade com o lugar, esse pertencimento.

Os três olham diretamente para a câmera, diretamente nos nossos olhos, mas a imagem não é estática, ela caminha em nossa direção. É uma foto forte e bela. O sentimento que desperta em mim é de coragem, minimiza minhas dificuldades, muda o foco do meu olhar. É como se eles, os retratados, me transportassem para outro mundo, fazendo com que eu pudesse experiênciar outra realidade. Cria um movimento interno em mim, dinamiza meu sentido e apura meu conceito de belo.

Os nossos conceitos ocidentais de beleza estão relacionados ao que chamamos bonito, ou seja, o que está dentro dos parâmetros delineados pela cultura de quem observa. São relacionados ao que eu posso consumir, agregar valor a mim, apresentar como meu e que reflete uma mesma identidade do outro. Mas o belo em uma obra artística possui outras características. Salienta aspectos que podem ser feios a primeira vista, mas que são fortes e significativos. Uma leitura superficial assim, analisando esse conceito de bonito, diria que esses homens estão sujos, que são pobres.

A beleza da foto não está na beleza do retratado. Está antes no olhar de quem retratou, no instante fugaz que conseguiu capturar o contexto, o sentimento, a provocação. O belo não precisa ser bonito. O belo precisa ser impactante, profundo, um agente transformador, uma experiência que nos atravessa.

Site dessa imagem
Sebastião Salgado (1944 -)
kmspublicidade.com.br
Detalhes: 3543 × 2351 (5x maior), 5.6MB / JPG / data 28 set. 2006 / câmera ultrality ultra



Arte e Ciência: Um Ponto de Convergência

Historicamente arte e ciência caminham paralelas, mas com linhas curvas que hora se aproximam ou se unem e outra hora se distanciam. O princípio de aprendizagem tanto da arte como da ciência está na experimentação prática do fazer e, na Idade Média os discípulos acompanhavam os mestres e iam descobrindo na prática tanto os fazeres artísticos quanto os domínios da ciência.

Com o desenvolvimento do academicismo e a criação das escolas os caminhos se distanciaram e arte e ciência chegaram a ser consideradas áreas antagônicas. Uma não reconhecia a outra como processo de aprendizagem intelectual e prático. Esse afastamento vai ser difundido por um longo período até que novamente se encontram nas obas de grandes mestres que unem a matemática ao fazer artístico usando recursos para a profundidade, perspectiva e criação da terceira dimensão. Exemplos de artistas que se apropriam desse fazer são Leonardo Da Vince, Picasso, Escher, dentre outros.

E hoje em dia? Como estamos nos relacionando com a virtualidade? Qual a arte que temos nos dias de hoje? Na verdade temos várias. As práticas não foram banidas e sim acrescidas de outras.

"Esta mudança de paradigma vem sendo modificada constante e sistematicamente pela ação dos meios tecnológicos, que, como a fotografia, cria o "Museu Imaginário" como "imprensa das artes plásticas" (A. Malraux, 1951) e a reprodutibilidade da obra de arte (W. Benjamin, 1980). Processo este que continua atuante com o crescimento das tecnologias de base informática e eletrônica que providenciam recursos e instrumentos para todas as atividades humanas, incluída a arte."
(“Arte/Ciência: Uma Consciência ” - Disponível em< http://www.eca.usp.br/cap/ars1/arteci%C3%AAncia.pdf > Acessado em 28 de novembro de 2011)


Ainda temos o artesanal, mas mergulhamos na arte tecnológica, no mundo virtual, na possibilidade interativa, na construção efêmera, na produção científica da arte. Para fazer arte integrada à tecnologia não nos basta ter habilidades manuais ou uma boa ideia. É preciso dominar a tecnologia, saber fazer uso do recurso oferecido por ela, entender quais os desdobramentos que estão implícitos na técnica.

Estamos diante de possibilidades infinitas, mas de domínio de poucos artistas. São criados programas específicos para a realização de uma ideia, como também são desenvolvidos equipamentos de imagem e som de última geração que permitem o estudo científico de se tornar uma obra de arte. Novamente temos arte e ciência se aproximando, ou melhor, se entrelaçando, criando uma possibilidade híbrida.

Penso como Einstein que para a imaginação humana não tem limites, então para descobertas e invenções científicas e artísticas existe todo um campo de probabilidades!

domingo, 30 de outubro de 2011

Estar em Paris



Se me perguntarem que cidade eu sou diria sem titubear: Paris! Não é nenhuma pompa ou bairrismo invertido. Eu seria Paris. A sensação de pertencimento que me acompanha quando piso por lá é particular.

A "Casa da humanidade"! Minha humanidade aflora quando penso Paris, quando caminho por suas ruas, quando planejo pela terceira vez, visitá-la. Desta vez quero andar a esmo, não visitar nada específico, não turistar, mas me perder por horas em ruelas e lojinhas, em cafés e restaurantes...

Preciso planejar o meu retorno. Agora mais a miúde. Não pode mais ser de cinco em cinco anos porque não tenho mais tantos cinco anos assim.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A Experiência



Se permitir experiênciar uma nova situação ou repetir uma experiência, é abrir a possibilidade para aprofundar seus conhecimentos, solidificar ou questionar ideias e alcançar o nível de sensibilidade profunda onde o fazer e o ser se unificam.



Essa busca é individual e somente podemos oportunizar as pessoas para que possam se desenvolver. Gosto de pensar que abrimos caminhos e que buscamos por nós mesmo encontrar o que faz brilhar os nossos olhos.

O tempo na contemporaneidade está escasso, mas nosso tempo somos nós que fazemos. Qual é o seu? E para quê?



terça-feira, 25 de outubro de 2011

Conversa com um estranho

Eu estou aqui e você pode falar comigo. Onde essa conversa vai chegar é impossível saber. A improvisação é o caminho mais surpreendente e improvável.

É mais fácil conversar com um estranho do que com alguém que você já conhece. Você fica isento de julgamento, não porque o outro não julgue, mas porque você não se importa. Afinal opiniões sobre qualquer assunto são apenas "para mins".

Sempre posso discutir uma relação amorosa com um estranho. Parto do pressuposto que ele tem experiência no assunto. Às vezes a experiência é totalmente diversa, às vezes a concordância é completa. Mas só irão me atravessar se eu estiver pronta para ela. Ou seja, é uma relação espelho. Se não reflete o meu rosto, eu acho feio.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Gentileza urbana, invasões bárbaras e auto-ecologia

Em meio ao caos de comunicação, redes, cidades inchadas, pessoas tristes, stress que se propaga como vírus, vírus virtuais e outros não tão virtuais, medos e ausências, abro um espaço para respiro.



Gentilezas urbanas, espaços ínfimos para um outro que pode ser qualquer um, inclusive o seu par mais próximo. São cumprimentos, são ouvidos atentos, são paciências, são tempos.



Invasões bárbaras são ocupações momentâneas do espaço público que lhe pertence, são trocas rápidas, são zonas autônomas temporárias que se instauram e se dissolvem, buscando o espaço dedicado à gentileza.



Auto-ecologia é não permitir que fatores externos contaminem você, é se proteger do que é ruim: arte ruim, comida ruim, conversa ruim, gente ruim.



Faço arte porque educa e disciplina. Educa para a diversidade, educa para a vida. Vivo para experiênciar a arte, a cultura, a educação, a comida, os prazeres, tudo o que nos atravessa!